Grupos disseminaram desinformação ao mencionar supostos riscos dos imunizantes e teorias da conspiração, segundo União Pró-Vacina
Falsos casos de mortes e teorias sem evidência científica protagonizam uma elevação de 131,5% no volume de desinformação publicada no Facebook por grupos antivacina no início da imunização contra a Covid-19 no Brasil, aponta um estudo da União Pró-Vacina (UPVacina).
De acordo com o projeto, articulado pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP de Ribeirão Preto (SP) em parceria com diferentes universidades e centros de pesquisa, somente em janeiro dois grupos disseminaram no Facebook 257 posts com dados falsos, diante de 111 em dezembro de 2020.
Segundo os pesquisadores, que também questionam a eficácia do Facebook em combater essas fontes, o número também representa mais do que o triplo do registrado em julho, quando os imunizantes ainda estavam em testes e o volume de publicações chegou a 87.
"A principal razão é o início da vacinação, com uma demanda maior por informações e, com a ansiedade da público, esses grupos aproveitam essa demanda para disseminar desinformação", afirma João Henrique Rafael Júnior, fundador da UPVacina.
Em nota, o Facebook informou que o estudo da UPVacina é baseado em uma pequena amostragem e não reflete o trabalho da empresa para fornecer informações confiáveis sobre o novo coronavírus.
"Já conectamos mais de 2 bilhões de pessoas, incluindo no Brasil, a informações oficiais de organizações líderes de saúde, como a OMS, através da Central de Informações sobre o Coronavírus no Facebook e mensagens no feed", comunicou.
A vacinação contra a Covid-19 começou no Brasil após a aprovação do uso emergencial da Anvisa em 17 de janeiro, quando os primeiros profissionais de saúde foram imunizados com a CoronaVac em São Paulo, e no dia 18 de janeiro, quando a campanha atingiu 15 estados.
Até a noite de quarta-feira (24), 6,1 milhões de pessoas receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19, segundo balanço do consórcio de veículos de imprensa, formado por G1, O Globo, Extra, O Estadão de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL. O número representa 2,92% da população brasileira.
Desinformação antivacina
O novo estudo da UPVacina encontrou, entre dezembro e janeiro, um total de 368 publicações veiculadas em dois grupos antivacina do Facebook: 111 em dezembro e 257 em janeiro. A segunda quinzena do mês passado, sozinha, representou o equivalente a 39,7% desse conteúdo.
Segundo a UPVacina, esses conteúdos foram produzidos por 126 autores, entre eles 16 que respondem por quase a metade das publicações, que predominantemente recorrem a vídeos (41,6%) e links (24,5%), estão em português (71%), inglês (19,8%) e espanhol (7,1%), e tiveram um volume considerado alto de reações (3.942), comentários (1.313) e compartilhamentos (2.372).
"Em alguns casos são vídeos de indivíduos que fazem essas acusações sem prova alguma, em outros são notícias de sites internacionais conhecidos pela distribuição de informação falsa, há também o caso de fotos simples com uma legenda como 'Esse era X, ele tomou a vacina ontem e morreu'", explica o fundador da UPVacina.