Meus amigos bolsonaristas não cabem em si de tanta alegria nesses últimos dias. Desde a vitória do Centrão para comandar a Câmara e o Senado, a um custo de R$ 511.529.626,00 de emendas parlamentares liberadas em janeiro pelo governo, um recorde absoluto, quem é fechado com Bolsonaro diz que agora a coisa vai.
Antes não ia por causa do Rodrigo Maia, é o argumento. Agora, não. Com o Centrão no comando, teremos todas as reformas que até então eram travadas pelo Nhonho - é como o apelidaram. É claro que vai. O governo tem milhões de argumentos para nossos deputados, enfim, aprovarem as reformas que farão o Brasil crescer.
E quais são elas? Desde que eu era criança, e isso já faz tempo, ouço falar que o maior problema do Brasil é a corrupção, que desvia o dinheiro que serviria para construir hospitais, escolas, contratar policiais; enfim, que permitiria ao Estado nos devolver os impostos na forma de bons serviços, tal como acontece nos países desenvolvidos.
Mas, vejam, ontem (3) foi anunciado o fim da Lava Jato, que nos fez acreditar que corruptos iriam para a cadeia. Foi uma morte anunciada por Bolsonaro em outubro do ano passado, quando disse, sem corar, que acabou com a Lava Jato porque não tinha mais corrupção no governo. Se isso fosse verdade, ainda teríamos uma outra prioridade.
Também desde sempre ouço falar que a educação é transformadora, e que faria o Brasil crescer, assim como fez com a Coreia do Sul, por exemplo. Mas ontem, também, Bolsonaro entregou ao Congresso uma lista com 35 prioridades do governo neste ano, entre elas, a autorização para militares matarem em serviço, e a ampliação da posse e porte de armas.
Da educação só se fala num item, que permite o ensino doméstico, pauta defendida pelo guru bolsonarista Olavo de Carvalho. Está na pauta de costumes, para agradar os que o seguem bovinamente. Gostaria de estar otimista como meus amigos bolsonaristas, mas, felizmente, não nutro pelo mito a paixão que os torna cegos.