Sou tricolor de coração. Digo isso com a mesma firmeza com que dizia meu pai, o responsável por plantar em mim essa paixão que nunca murchou — mesmo nas fases mais difíceis. Torcer para o Fluminense era mais que um ato esportivo. Era um encontro com ele, mesmo quando o tempo e a vida nos colocavam em lados opostos da rotina. Era o nosso código. Nosso jeito de dizer “estou contigo”.
Lá em casa, o futebol dividia a sala e unia a família. Minha mãe, flamenguista, garantia as provocações no almoço de domingo. Meu pai, tricolor convicto. E nós, no meio dessa disputa divertida, também torcíamos para o Grêmio — por amor a um primo jogador (saudoso Ladinho) que, nas antigas, vestiu a camisa tricolor do Sul. Nossa torcida era múltipla, mas meu coração sabia onde morava: nas Laranjeiras.
Na última sexta-feira, 4 de julho, meu aniversário, a vida me deu um presente vestido de verde, branco e grená: o Fluminense carimbou sua vaga na semifinal. Vibrei. Me emocionei. Pensei no meu pai. Pensei em como ele estaria feliz, com os olhos marejados e o radinho de pilha encostado no ouvido, dizendo “Eu sabia, filha… Esse time é grande demais!”.
Agora, a esperança é que a próxima terça nos leve à final. Que venha a taça. Que venha o título de melhor do mundo. Que venha o reconhecimento para esse time que carrega uma história centenária, feita de glórias, recomeços, raça e alma.
E que, na próxima terça-feira, toda a nação brasileira seja tricolor. Porque quando um time brasileiro chega tão longe, não é só uma camisa que está em campo — é o nosso país. E eu? Eu estarei aqui, como sempre estive, tricolor de coração, com o peito aberto, a alma em festa e a memória do meu pai gritando comigo: “Vamo, Flu!”.
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Fotos: Redes sociais/Fluminense/Divulgação