Nem todo silêncio é igual. Alguns arrepiam. Outros sufocam.
Tem aquele silêncio que acontece entre duas pessoas que se desejam — e ele é cheio. Cheio de tensão, de promessas não ditas, de olhares que falam demais. É um silêncio úmido, elétrico, onde qualquer palavra estragaria o feitiço. O desejo mora nesse intervalo: entre o que poderia ser dito e o que se prefere sentir. Um toque leve. Um suspiro contido. A espera gostosa de quem sabe que está prestes a acontecer.
Esse silêncio é afrodisíaco. Instiga. Conecta. Provoca.
Mas tem o outro silêncio. O que vem do tédio. Esse, sim, é barulhento de tão incômodo. É o silêncio do “tanto faz”, do olhar perdido no celular, da presença ausente. É quando o outro está ali, mas poderia não estar. É o silêncio que grita desinteresse. Que pesa. Que irrita.
E é curioso como o mesmo silêncio pode ter sabores tão distintos. Um alimenta, o outro esgota. Um é pausa gostosa, o outro é ausência constante.
Entre duas pessoas, o silêncio diz muito. Quando há desejo, até o silêncio é encontro. Mas quando não há mais brilho, o silêncio vira abismo.
É preciso saber escutar.
Nem sempre o que incomoda é o que se fala. Às vezes, o que dói mesmo é o que já não se diz.
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