Já morri algumas vezes nesta vida.
Não me refiro à morte definitiva, aquela que sela os olhos e cala a carne. Falo das mortes silenciosas, das que a gente vive em pé, respirando, fingindo normalidade. Morri num carro retorcido, no susto do impacto, e renasci no milagre de continuar. Morri com febres altas, com vírus impiedosos tentando parar meu fôlego – Influenza, gripe A, covid. Vi a sombra se aproximar e, por dentro, me despedi tantas vezes. Mas Deus me devolveu.
Morri em pensamentos escuros. Na angústia de não ver saída, no desespero mudo de querer parar de sentir. Houve dias em que viver doía mais que morrer. E mesmo nesses dias, Ele estava lá. Me levou até o fundo do poço. E lá, onde não havia mais ninguém, onde até o eco da minha voz se calava, Ele acendeu uma luz.
Foi lá que descobri que recomeçar é possível. Que o fundo do poço também é chão, e que chão firme é bom para se impulsionar de volta.
Renascer é isso. É se reconhecer em pedaços e ainda assim acreditar que vale a pena se reconstruir. É enxergar beleza nos escombros, é se permitir florescer mesmo depois do inverno mais cruel.
Hoje, carrego as minhas mortes como medalhas. Elas não me definem, mas me lembram de onde vim. E, mais ainda, de Quem me ergueu.
Porque só quem morre por dentro é capaz de valorizar a vida quando ela volta a pulsar inteira.
E eu? Eu sou feita de recomeços. Sou feita de fé.
Sou renascida.
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