O amor não é um contrato. Não é obrigação ou sacrifício pintado de nobreza. O amor é uma admiração que nunca se cansa, como uma criança que descobre o mundo pela primeira vez e quer ver de novo, só para confirmar que aquilo é mesmo tão bonito quanto parecia ontem.
O amor começa na pele, é verdade, mas logo migra para os olhos. É ali que ele se assenta, onde a pessoa vira paisagem. E que paisagem! Você não vê apenas o rosto; vê o que há por trás, o que ninguém mais enxerga. O amor é um encantamento silencioso, que permanece mesmo quando o corpo já se cansa e a rotina toma o palco.
O amor é atração intelectual. É achar sexy alguém que sabe explicar uma coisa que você nunca entendeu. É admirar o jeito que ela organiza as ideias, como se fosse um artesão construindo uma escultura com palavras. É a vontade de ouvir mais, mesmo quando você já sabe como a história termina, só porque adora o jeito dela contar.
Mas, acima de tudo, o amor é conversa. Uma vontade infinita de falar sobre tudo e sobre nada, como se o tempo não existisse. O amor está no “e se?”, no “você já pensou nisso?”, no “me conta mais”. Ele mora nos detalhes, nas teorias sem sentido, nos planos improváveis para o futuro. Amar é nunca querer encerrar o diálogo, é encontrar no outro o melhor ouvinte do mundo.
O amor é essa disposição absurda de se interessar até pelos defeitos. Ele não ignora as imperfeições — ele as acolhe. O amor não quer um projeto finalizado; quer alguém em construção, porque é nessa obra inacabada que ele também encontra espaço para crescer.
E, sim, o amor é pele, é toque, é desejo. Mas não só. Ele é aquele arrepio que surge quando o outro entende uma piada que só vocês dois achariam graça. É aquele silêncio que não pesa. É o momento em que a pessoa sai da sala e você sente saudade antes mesmo que ela feche a porta.
O amor é um exagero. É olhar o outro como se fosse poesia andando. É inventar razões para sorrir só porque lembrou dela enquanto atravessava a rua. É o caos transformado em calmaria e, ao mesmo tempo, a calmaria virando um furacão, tudo dependendo de como o olhar dela pousa no seu.
O amor não precisa de definição, porque não cabe em palavras. Ele se vive, e só. O amor é, no fundo, essa vontade de ficar, mesmo quando tudo lá fora nos chama para partir. É olhar para alguém e pensar: “É aqui que eu quero estar.”
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