Remessa importada pelo governo foi reprovada pelo Ministério da Saúde
Uma vacina que protege contra cinco doenças está em falta nos postos de saúde de várias cidades brasileiras. Testes do Ministério da Saúde reprovaram um lote importado pelo governo.
Os avós de Murilo fizeram uma peregrinação em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, para tentar vacinar o neto. Todos os postos de saúde da cidade estão com estoque zerado. A prefeitura afirmou que, das 15 mil doses que deveria receber de outubro para dezembro, só chegaram 3 mil. Com isso, cerca de 12 mil bebês estão sem vacinar.
A prefeitura criou uma estratégia. Vai avisar, em casa, quem ainda não tomou a primeira dose da vacina. “A gente tem o contato, a gente tem o registro dessa criança. Pelo telefone, nos locais que tem agente de saúde, a gente pede para poder fazer uma visita até a casa da pessoa e avisar que a vacina chegou”, disse Fernanda Elisa, diretora de Imunização da Secretaria de Saúde de Contagem.
A pentavalente é a combinação de cinco vacinas numa só. Simultaneamente protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra uma bactéria responsável por infecções no nariz, meninge e garganta. Os bebês devem tomar as doses aos dois, quatro e seis meses de vida.
A Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda que as grávidas fiquem atentas a uma vacina que ajuda na proteção dos bebês. “A partir de 20 semanas, toda grávida deve fazer a vacina tríplice acelular do adulto. Essa vacina protege contra a coqueluche e vai proteger o neném até quatro meses de vida. Então, ela dá uma proteção através dos anticorpos maternos até que a criança consiga completar o seu esquema”, explica José Geraldo Leite Ribeiro.
No Brasil, são distribuídas 800 mil doses da pentavalente por mês. Mas, em novembro, nenhuma foi enviada aos estados. O Ministério da Saúde declarou que a vacina adquirida da Opas, Organização Pan-Americana da Saúde, foi reprovada em testes de qualidade e em análise do próprio ministério. Afirmou que não há disponibilidade da pentavalente no mundo, que o Brasil não produz a vacina e que, assim que receber, vai distribuir aos estados.
Leonardo tomou a primeira dose com atraso. A próxima está prevista para janeiro. Até lá, a mãe dele, Poliane Santiago, decidiu evitar a exposição do bebê: “Ficar mais dentro de casa, evitar esses ambientes onde a gente não sabe o que pode estar sendo contaminado ou pegar alguma coisa. É uma vida muito especial”.