Fui visitar o senhor Jaime João Medeiros, de 80 anos, conhecido por todos como Seu Jaime Ferreiro.
Morador da localidade de Pedrinhas, no município de Pedras Grandes, ele carrega nas mãos e na memória as marcas de uma vida inteira dedicada ao ofício de transformar aço e ferro em peças únicas.
Seu Jaime perdeu o pai em um trágico acidente antes mesmo de completar o primeiro ano de vida. Ainda menino, aos nove anos, começou a trabalhar em uma ferraria na comunidade de Barra do Norte, em São Ludgero, para ajudar a mãe. Foi ali que aprendeu a moldar o ferro, a fazer aranhas e carroças, além de fabricar peças e ferramentas.
Desde então, nunca mais abandonou a profissão. Montou sua própria ferraria em casa e, por mais de cinquenta anos, foi procurado por colonos de toda a região, que vinham em busca de consertos para arados, carros de bois e de ferramentas essenciais para o trabalho na roça.
Entre uma lembrança e outra, seu Jaime conta histórias do tempo de sua infância. Uma que chamou minha atenção é sobre um homem que era inspetor (algo como um xerife local) e que fazia valer a ordem do seu jeito.
“Ele era durão”, diz seu Jaime, rindo. “Ai de quem passasse por ele sem desejar um bom dia! Fazia o sujeito voltar e dizer o bom dia… sob a mira de um revólver.”
Obrigado, Seu Jaime, por compartilhar um pouco da sua história. Pena que o tempo seja curto para ouvir (e registrar) tudo o que o senhor viu e viveu ao longo desses 80 anos de vida.
Veja aqui a conversa que tivemos:
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