É, quem diria… vivemos para ver a super hiper mega ultra conservadora Academia de Cinema de Hollywood eleger um filme não americano como o melhor do ano. E foi o que vimos. A cerimônia de entrega do Oscar 2020 surpreendeu. E não só pela vitória de Parasita.
Surpresas
Quando os prêmios técnicos de Montagem e Edição de Som saíram para “Ford vs. Ferrari”, desbancando o favorito “1917”, pude perceber que alguma coisa estava diferente nesta edição da premiação máxima do cinema. Quando o prêmio de roteiro original foi dado a “Parasita”, contra os prognósticos que apontavam “Coringa” ou “O Irlandês” como os vencedores, veio a certeza. Algo mudou. Surpresa seria o sentimento dominante na premiação.
Confirmações
Claro, houve alguns prêmios que foram barbadas. Renée Zellweger, como melhor atriz por “Judy – Muito Além do Arco-Íris” e Joaquim Phoenix como melhor ator, por “Coringa”, confirmaram as expectativas. Aliás, aqui um parêntese. O discurso poderoso e emocionado de Phoenix, sobre o papel dos atores, produtores, diretores, enfim, da indústria do cinema como forma de se debater as mazelas do mundo atual, e a lembrança de seu irmão, River (do clássico Conta Comigo), morto por overdose aos 23 anos apenas, em outubro de 1993, comoveu a todos. A vitória de “Toy Story 4” como melhor animação também era esperada. Da mesma forma, Brad Pitt como ator coadjuvante (por Era Uma Vez… Em Hollywood) e Laura Dern, como atriz coadjuvante (por História de um Casamento) garantiram os pontos do bolão.
E Parasita… foi merecido?
Essa pergunta é muito difícil de ser respondida, uma vez que leva em conta gostos pessoais e a forma como os filmes afetam, ou deixam de afetar, o público. Falando por mim, é sabido, o filme sul-coreano não me tocou a ponto de escolhê-lo como meu favorito. Gostei, mas “1917” e “Coringa”, a meu ver, são superiores. Mas enfim, gosto é gosto. Para muitos, “Parasita” é mesmo isso tudo. E tudo bem também. Importante foi o momento que presenciamos. É a primeira vez na história que um filme estrangeiro, ou internacional, como a Academia chama agora a categoria de filmes de fora dos Estados Unidos (vencida por “Parasita” também, a propósito), leva o principal prêmio da noite. Só por este feito, você concordando ou não com a escolha, mostra que o que vimos neste domingo foi, simplesmente, história… surpreendente, é fato… mas história! E analisando agora, cá com meus botões… não são de histórias que os filmes são feitos? Então, está valendo! Uma barreira se rompeu, um paradigma caiu. Finalmente o Oscar celebrou o cinema! E não somente o cinema norte-americano. Devemos celebrar. Que venham mais Parasitas, e de todos os cantos do mundo!
Abaixo, a relação completa dos vencedores do Oscar 2020 :
- Ator coadjuvante – Brad Pitt, por Era Uma Vez… Em Hollywood
- Animação – Toy Story 4
- Animação em curta-metragem – Hair Love
- Roteiro original – Parasita
- Roteiro adaptado – JoJo Rabbit
- Curta-metragem – The Neighbors’ Window
- Design de produção – Era Uma Vez… Em Hollywood
- Figurino – Adoráveis Mulheres
- Documentário – Indústria Americana
- Documentário em curta-metragem – Aprendendo skate numa zona de guerra (Se Você é uma menina)
- Atriz coadjuvante – Laura Dern, por História de um Casamento
- Edição de som – Ford vs. Ferrari
- Mixagem de som – 1917
- Fotografia – Roger Deakins, por 1917
- Montagem – Ford vs. Ferrari
- Efeitos visuais – 1917
- Cabelo e maquiagem – O Escândalo
- Filme internacional – Parasita
- Trilha sonora original – Hildur Gudnadóttir, por Coringa
- Canção original – (I’m Gonna) Love Me Again, de Elton John, por Rocketman
- Direção – Bong Joon Ho, por Parasita
- Melhor ator – Joaquim Phoenix, por Coringa
- Melhor atriz – Renée Zellweger, por Judy – Muito Além do Arco-Íris
- Melhor filme - Parasita