Houve um tempo em que amizade não precisava de protocolo.
Ninguém ligava antes, ninguém pedia permissão.
A campainha era o convite, o portão entreaberto era a senha.
Amigos chegavam com a cara e a coragem, às vezes com pão da padaria, outras vezes apenas com o riso solto. Entravam na cozinha como se fosse sala, abriam a geladeira sem cerimônia, puxavam conversa com a mãe, pediam café sem nem precisar pedir.
Era simples. Era verdadeiro.
Não havia a diplomacia da mensagem no WhatsApp: “Posso passar aí?”.
Não havia a formalidade do horário agendado, nem a obrigação de justificar a visita.
A amizade era espontânea, crua, sincera — feita de presenças, não de protocolos.
Hoje, parece que amizade também precisa de senha de Wi-Fi: planejada, confirmada, autorizada.
E, nessa burocracia de conviver, muita verdade se perde.
As amizades de antes eram mais que visitas. Eram extensões da casa, da alma, da vida.
Talvez o mundo fosse mesmo mais simples.
Ou talvez fôssemos nós — menos preocupados com formalidades, mais disponíveis para o encontro.
No fundo, ainda resta uma saudade imensa daquele tempo em que a amizade era exatamente o que devia ser: liberdade.
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