É fácil ser casal no abraço. Difícil é continuar sendo quando o silêncio pesa mais que a conversa.
É fácil ser irmão na infância, nos brinquedos e travessuras. Mas herança… ah, herança revela o quanto o afeto era verdadeiro ou só convenção de sangue.
É fácil ser filho enquanto os pais sustentam. Difícil é ser quando a velhice deles chega com suas manias, repetições e fragilidades.
E amigos? Esses se multiplicam nas festas, mas nas dificuldades… só os de verdade permanecem.
A vida tem esse jeito curioso de testar os laços. Não na calmaria, mas no vendaval. Porque o amor mesmo — seja de casal, de irmão, de filho ou de amigo — não se mede no que se diz, mas no que se sustenta quando tudo parece desabar.
Não é no “felizes para sempre” que se conhece um casal. É no divórcio, quando o respeito ou o rancor dizem quem de fato eles foram.
Não é no Natal em família que se conhece um irmão. É no inventário, quando cada linha do testamento é mais reveladora que qualquer árvore genealógica.
Não é no Dia das Mães ou dos Pais que se conhece um filho. É na hora do remédio, da paciência e da visita que se arrasta entre as urgências da vida.
E não é nos brindes que se conhece um amigo. É no chão, quando você cai — e ele, em vez de perguntar “o que houve?”, já está te levantando.
A vida revela. O tempo confirma. E as provações… essas lapidam.
Que saibamos ser inteiros mesmo quando tudo ao redor se fragmenta.
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