Afeto é como um idioma: se não aprendemos suas palavras, é difícil expressá-lo. Muitas pessoas carregam o peso de histórias onde o amor era raso, os abraços eram raros e os gestos de carinho, inexistentes. Crescem sem saber como demonstrar afeto, não porque não queiram, mas porque nunca lhes foi ensinado.
A falta de afeto pode ser uma limitação. É como um solo árido que não sabe o que é chuva. Não é falta de vontade, mas de referência. Quem nunca foi acolhido com ternura pode não saber como acolher; quem nunca ouviu palavras de amor pode tropeçar ao tentar dizê-las.
E, no entanto, somos seres de aprendizado. Mesmo quem não recebeu afeto pode, com esforço e abertura, aprender a amar. Mas é preciso paciência — com o outro e consigo mesmo. Porque dar o que não se tem requer coragem, e receber o que nunca se teve pode ser assustador.
Entender isso é ter empatia com as limitações alheias. Saber que as pessoas só podem dar o que receberam não é desculpa para os erros, mas uma maneira de olhar com mais compaixão. Às vezes, o melhor presente que podemos oferecer é justamente aquilo que nos falta: afeto, cuidado, amor.
E quem sabe, ao dar o que não recebemos, não nos tornamos, finalmente, os primeiros a plantar algo novo nesse solo que, um dia, foi árido?
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