A fruta bichada sempre engana primeiro o olhar.
Ela brilha, é vermelha, parece intacta. A gente pega, confia, morde. Só então descobre que por dentro o doce já foi roubado.
É assim também com as pessoas, com os amores, com as amizades. A casca engana, mas o verme trabalha em silêncio. Não se anuncia. O bicho não chega derrubando a árvore — entra pela brecha. Uma ferida mínima, quase invisível, capaz de corroer o que parecia inteiro.
Toda fruta bichada foi, um dia, fruta perfeita. Só que não teve quem cuidasse dela, quem percebesse o primeiro furo. O mesmo acontece com a gente: o rancor, o ciúme, a indiferença — se entram, fazem morada. O que era doce vira amargura.
Por isso, não se trata de descartar a fruta bichada, mas de aprender com ela. Entender que a beleza não está na casca que reluz, e sim no interior que resiste.
Porque não é a mordida que decepciona. É a pressa de acreditar só no que se vê.
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