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Mexeu com uma, mexeu com todas

05/12/2024 06h04

Há um grito que nasce no silêncio. Um grito que cresce, se multiplica, ecoa em lugares onde antes só havia medo e vergonha. É o grito de quem, por tanto tempo, foi silenciada. Quando dizemos “mexeu com uma, mexeu com todas”, não é só uma frase. É uma promessa. É a força coletiva que se levanta onde antes havia apenas mãos tremendo.


Assédio não é um gesto isolado, é um golpe contra a dignidade. Ele vem disfarçado de olhares invasivos, piadas que não têm graça, toques não consentidos. É a palavra dita no momento errado, no lugar errado, que transforma a segurança em desconfiança e a liberdade em cárcere. E, por muito tempo, ele foi tratado como algo menor, quase como um fardo que as mulheres deviam carregar caladas, como se fosse parte da vida.


Mas não é. Nunca foi.


“Mexeu com uma, mexeu com todas” é mais do que um mantra. É um chamado à ação, uma rede invisível de apoio que conecta cada mulher. Porque o assédio não é um problema individual, é um problema de todos nós. Quando uma mulher é assediada, todas sentem o impacto. Quando uma sofre, as outras lembram das vezes em que também foram silenciadas. É como se cada experiência de abuso ou constrangimento reverberasse em um corpo coletivo, um corpo que não se cala mais.


O que mexe com todas não é só o ato em si, mas o que ele representa: a tentativa de reduzir uma mulher a um objeto, de roubar dela o direito de existir plenamente, de ocupar os espaços sem medo. É o medo que se instala em um vagão de metrô lotado, em uma rua deserta, no ambiente de trabalho. É o constrangimento de ter que justificar por que aquele comentário “inofensivo” não era bem-vindo.


Mas, felizmente, os tempos mudaram. Mulheres começaram a falar. A apontar. A expor. O que antes era um segredo sussurrado entre amigas, hoje é gritado em uníssono. E é esse grito coletivo que incomoda, que balança as estruturas, que quebra a cultura do silêncio.


“Mexeu com uma, mexeu com todas” é um lembrete de que ninguém está sozinha. Que cada denúncia é uma fagulha que acende uma chama maior. Que a coragem de uma mulher inspira a coragem de tantas outras. Que há força em estar juntas, em se apoiar, em dizer “não” com a certeza de que há um exército de vozes ao lado.


O assédio tenta fragmentar, mas a resposta é a união. Mexer com uma mulher é tocar em uma ferida que todas compartilham, mas é também convocar a resistência que todas carregam. Porque agora, quem mexe com uma, não encontra só uma. Encontra todas. E juntas, elas são imparáveis.


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SIBÉLE CRISTINA
Coluna atualizada de segunda a sábado
Sibéle Cristina Garcia é apresentadora do programa Mais Mulher na UniTVSC desde maio de 2008. Graduada em Pedagogia e Marketing. Pós-graduada em Sexualidade Humana e Sexologia. É especialista em Relacionamento Abusivo, comunicadora, terapeuta e encorajadora da liberdade feminina.
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