Durante muito tempo, pais e mães se orgulharam de dizer: “meu filho é obediente”. E, por trás desse orgulho, quase sempre havia um menino ou uma menina que sabia exatamente o que devia fazer para não contrariar os adultos, para não desagradar, para ser aceito. Crianças silenciosas, contidas, adaptadas. Crianças que aprendem cedo a dizer “sim”, mesmo quando querem dizer “não”.
Mas obediência cega não é virtude — é risco.
Um filho obediente demais pode crescer sem saber fazer escolhas, sem saber se posicionar, sem saber dizer “isso não me faz bem”. Um filho obediente demais pode calar a própria essência para seguir ordens, para cumprir regras, para agradar o mundo — mesmo que isso custe sua liberdade.
Responsabilidade, por outro lado, é outro caminho.
É ensinar a pensar. A questionar. A entender as consequências das escolhas.
É formar um ser humano capaz de decidir com consciência, de respeitar o outro sem se anular, de agir com empatia, mas também com autonomia.
Filhos responsáveis não precisam ser vigiados o tempo todo.
Eles sabem o que devem fazer — mesmo quando ninguém está olhando.
Sabem pedir desculpas quando erram.
Sabem assumir suas falhas, mas também sabem defender seus direitos.
Sabem que respeito não se impõe — se constrói.
A obediência pode criar adultos inseguros, ansiosos por aprovação.
A responsabilidade cria adultos que confiam em si e que sabem conviver em sociedade com ética, diálogo e maturidade.
Educar com firmeza e afeto é mais desafiador do que apenas impor regras, sim.
Mas o resultado é infinitamente mais transformador.
Porque o mundo não precisa de mais gente obediente.
Precisa de gente consciente.
Gente inteira.
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