A brasileira Laysa Peixoto dizia ao mundo que era funcionária da Nasa. Postava fotos, usava crachás, compartilhava conquistas que nunca existiram. Aos 19 anos, vestiu a fantasia do reconhecimento — e por um tempo, colheu aplausos. Até que a verdade veio, nua e crua, da própria Nasa: não, ela nunca trabalhou lá.
O que leva alguém a mentir assim?
A resposta pode parecer simples: atenção. Mas por trás da busca por likes, há algo mais profundo — um vazio. Um desejo desesperado de ser alguém que o mundo admire. A necessidade de provar valor num palco onde só brilham os que têm títulos, cargos, conquistas grandiosas. E onde ser “comum” parece não ser suficiente.
Vivemos numa era em que mostrar é mais importante do que ser. Em que a verdade foi colocada de lado e o filtro virou lei. Onde todo mundo corre para parecer feliz, bem-sucedido, extraordinário — ainda que à custa da própria verdade.
E não, isso não justifica a mentira. Mas talvez nos ajude a entender. Porque Laysa, como tantos outros, só fez ecoar o que essa sociedade anda ensinando: “seja o que for preciso, mas seja visto”.
A pergunta que fica é: quem somos, quando ninguém está olhando? Quando não há curtidas, nem seguidores, nem manchetes?
É cada vez mais difícil entender o ser humano porque ele está deixando de ser inteiro. Está se fragmentando em personagens. Está se perdendo no jogo de aparência. E o preço disso é alto: desconexão, vergonha, isolamento e — ironicamente — a solidão no meio da multidão.
Talvez o que mais esteja faltando não seja fama, nem validação. Mas coragem. Coragem de ser quem se é, com verdade, com limites, com simplicidade. Porque é aí que mora o valor real.
E que a história da Laysa não sirva só pra julgamento, mas como espelho.
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