“Na minha casa, não.”
Quantas vezes esse foi o ponto final da conversa?
Pais batem o pé, impõem o limite — e acham que, com isso, evitaram o problema.
Mas será que evitaram mesmo?
A filha ou o filho que não pode dormir com o namorado sob o próprio teto vai dormir onde, então?
A resposta, quase sempre, é: em outro lugar.
Longe dos olhos, longe do cuidado, longe do afeto supervisionado que uma casa com amor pode oferecer.
É aqui que mora a contradição:
Na tentativa de proteger, se empurra para longe.
Na vontade de controlar, se perde a confiança.
E na ilusão de que proibir é educar, se esquece que o mundo lá fora não pede permissão.
Não estamos dizendo que os pais devem ceder a tudo.
Mas é preciso lembrar que o “não” seco, sem escuta, cria distância.
E o medo de decepcionar vira mentira.
O amor vira conflito.
A casa vira palco de disputa, não de acolhimento.
Filhos vão viver. Vão amar, errar, experimentar.
Com ou sem a autorização.
A questão é: vão viver com orientação ou com omissão?
Dormir na casa do namorado pode parecer banal pra uns e um escândalo pra outros.
Mas, no fundo, essa conversa não é sobre a cama.
É sobre a base.
A base de um relacionamento que precisa de diálogo.
A base de uma família que precisa confiar mais do que mandar.
A base de um lar que não seja apenas teto — mas também colo.
Porque, no final das contas, o que todos queremos é isso:
Saber que, mesmo quando nossos filhos escolherem caminhos diferentes dos nossos,
eles ainda nos escolhem para caminhar junto.
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