Passei parte da minha infância e toda a juventude no bairro Fábio Silva. Foi um período de grande transformação em Tubarão, e pude presenciar essa mudança quase como um espectador atento.
Posso dizer que vi nossa cidade passar por um salto significativo em diversos aspectos, transformando-se de maneira drástica.
Nos anos 2000, por exemplo, em tempos de chuvas contínuas e ameaça de enchentes, a maior "atração" da cidade era ir até a ponte do Morrotes para observar o nível do Rio Tubarão.
A ponte era reta, e havia o temor de que, se as águas subissem ao ponto de alcançar a parte mais alta da estrutura, ela formaria uma barreira, desviando a correnteza para as ruas, o que resultaria em mais uma tragédia semelhante à de 1974, que devastou a nossa Cidade Azul.
Segundo os mais velhos, se o rio atingisse esse limite, a única solução seria detonar a ponte. Por isso, muitas pessoas, de diferentes bairros, se aglomeravam ali, com olhares tensos e preces silenciosas, torcendo para que as águas recuassem.
Essa atração mórbida, que reunia centenas de pessoas nas imediações da ponte, só terminou quando, durante o governo do ex-prefeito Carlos Stüpp, a parte central da ponte foi elevada, dando-lhe uma curvatura.
Essa intervenção não apenas eliminou o risco de represamento, mas também trouxe alívio a uma população que vivia sob o terror de uma nova catástrofe.
Especialmente para os moradores dos bairros Fábio Silva, Oficinas e Morrotes, isso significou a possibilidade de dormir em paz.
Lembro-me bem de que, quando as chuvas intensificavam e o rio atingia níveis preocupantes, toda a cidade, em especial meu bairro, mergulhava em uma vigília coletiva.
Bastava chover por mais de um dia para que o espírito da cidade fosse tomado pela insônia, e se, por cansaço, ela adormecesse, os pesadelos com a tragédia de 1974 logo a despertavam.
E para uma cidade insone, só há um remédio eficaz: obras e melhorias que trazem segurança e garantem que as dores do passado não se repitam.
Essa lembrança veio à tona hoje quando li uma notícia que me encheu de felicidade: em um ranking que avalia 5.276 municípios, Tubarão está entre as cinco cidades do Brasil que mais entregam saúde, educação e saneamento, com menos gastos.
A comparação entre o passado e o presente mostra que é possível fazer mais com menos. Reflitam: dos dias em que vivíamos na ansiedade da possível detonação da ponte do Morrotes até hoje, a cidade ganhou três novas pontes e uma passarela.
As principais ruas foram pavimentadas, postos de saúde foram construídos em todos os bairros, e a segurança pública se fortaleceu com a criação da Guarda Municipal...
Tudo isso e muitas outras melhorias que não citei aqui só foi possível porque, no passado, houve coragem e iniciativa para fazer muito com poucos recursos.
Nos últimos 25 anos, os prefeitos de Tubarão souberam usar bem o pouco que tinham, transformando a cidade e garantindo um futuro mais seguro e próspero para todos nós.
Ninguém me contou, eu vi!
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