Enfraquecido pelos longos anos de vida, pedaços do imponente Casarão caem sobre o matagal que cresceu no lugar das flores do antigo jardim. O mesmo quintal em que anos atrás a criançada corria e brincava, chorava e sorria.
Visíveis feridas nas portas, nas janelas e no teto diminuem a opulência desse gigante que testemunhou o crescimento da cidade. Até mesmo o vento - quando toca suas paredes surradas e aberturas corroídas - assovia lamentosa melodia do abandono humano. Habitam seus cômodos os ratos, os morcegos, as trepadeiras selvagens e outros invasores passageiros.
Sua aparência decrépita sustenta lendas. Estórias de assombração povoam o imaginário dos passantes que transitam pelo lúgubre endereço: "É mal-assombrado!"; "Eu já ouvi barulho de correntes arrastando e de ranger de dentes!"; "Eu vi luzes sinistras correrem entre os cômodos!".
Quase nada restou do esplendor do antigo Casarão, que há muitos anos fora construído em frente a um belo rio que hoje chamam de Morto, na localidade de Morrinhos (lugar onde nasceu Anita Garibaldi), em Tubarão.
É triste admitir, mas aos poucos e sob nossa condescendência, a existência do Casarão de Morrinhos caminha a passos largos em direção ao fim.