Os netos dos nossos filhos, lá no final deste século, não vão acreditar quando, nos almoços de família, os avós e tios mais velhos contarem a eles o que tivemos de passar nestes loucos anos 20. Duvido que irão acreditar quando nossos filhos lhes contarem alguns detalhes da pior pandemia que o país já enfrentara, a covid, da qual, torcemos, para eles parecerá tão distante quanto a gripe espanhola foi para nós.
Lerão nos livros de História que a Ciência reagiu ao vírus com várias vacinas em menos de um ano, após perdermos milhões de vidas e outro tanto ficado com sequelas. Imaginarão que a chegada da vacina tenha sido comemorada por toda a Humanidade. Duvido que acreditem que, apesar da gravidade do vírus, uma em cada quatro pessoas, segundo os institutos de pesquisa, não queriam tomar a vacina, estimuladas pelo próprio presidente.
Se não pesquisarem na internet ou no que tiverem de recurso à época, ninguém irá acreditar, no futuro, que o presidente do Brasil disse, em meio à pandemia, que quem tomasse a vacina iria virar jacaré, ou mudar de sexo. Pior, que ele não tenha sido imediatamente afastado por dizer tamanha asneira, ou, até por caridade cristã, ter recebido algum tipo de tratamento psiquiátrico por parte de especialistas.
Que quando faltou oxigênio e outros suprimentos nos hospitais do Amazonas, ele mandou um general, que ocupava o cargo de ministro da Saúde, oferecer cloroquina à população. Que ele chegou a andar até atrás de emas para dar cloroquina, e outros abilolados acharam isso engraçado. Que em meio à pandemia ele trocava os ministros da Saúde que seguiam a Ciência, até achar um militar que seguia ordens, fossem essas as mais absurdas.
Nossos descendentes nos cobrarão como as nossas instituições permitiram que se chegasse a esse ponto, sem que houvesse um impeachment, por parte do Congresso, e a responsabilização judicial, por parte do STF, por tamanho genocídio. Mas no futuro ninguém dirá que apoiou esse governo. Já vimos essa história. Hoje, alguém diz que votou no Collor? Conhece alguém que votou na Dilma? Será o mesmo com Bolsonaro.
