Nós, jornalistas, estamos acostumados a ser xingados desde que a extrema-direita passou pela presidência e colocou a imprensa e as instituições como alvos do que precisariam ser controlados, para que a democracia fosse corroída por dentro, facilitando a implantação de uma ditadura com Bolsonaro no poder. Sem imprensa para denunciar, nem Judiciário para condenar. O mundo ideal sonhado pela bandidagem.
A extrema-direita já saiu do poder, graças, mas ainda são vários os extremistas que continuam por aí, nas famílias, nas conversas e nas redes sociais, com ataques constantes a nossa profissão. Basta ver o WhatsApp. Quem usa o aplicativo, recebe toda semana alguma montagem envolvendo a Miriam Leitão, uma das jornalistas mais premiadas do país, mas que é alvo dos covardões justamente por ser mulher.
De uma maneira resumida, são três os xingamentos mais comuns a nós, jornalistas. Quando abordamos pautas econômicas, como a queda da taxa de desemprego, dos juros, ou a estabilidade do preço da gasolina, aí somos petistas. Se a pauta tem a ver com os costumes, e abordamos sobre racismo, homofobia ou feminicídios, somos esquerdistas – o que, para os fanáticos de direita, é muito pior do que ser petista.
Quando as matérias se referem a Bolsonaro, desde a época das rachadinhas, passando pelos absurdos na pandemia, os desvios de joias e posterior venda delas nos Estados Unidos, ou sobre o frustrado plano golpista e as recentes tentativas de fuga por terra, ar e mar, aí somos comunistas, o equivalente ao diabo na religião bolsonarista. Para nós, é elogioso ser criticado por fanáticos. Agradá-los é que seria uma vergonha.