Caminhamos para o segundo ano de pedágio no trecho Sul da BR-101 sem nenhuma obra da CCR Via Costeira, a não ser roçar o mato na beira do asfalto. Interessante esse modelo de pedágio, onde a empresa recebe a estrada pronta e duplicada, em obra paga pelo governo federal, com dinheiro dos pagadores de impostos, e fica com o direito de explorar quem trafegar por ela pelos próximos 30 anos. Interessante para os donos da empresa, somente.
Tão interessante que a empresa obteve só em 2022 um lucro de R$ 112.339.000,00. Em comparação com o ano anterior, houve um crescimento de 87%, quando a empresa registrou R$ 60 milhões de lucro, pois a cobrança iniciou em maio daquele ano. Esse valor é o lucro, já descontadas todas as despesas. Por isso, não há explicação para que obras necessárias não sejam feitas, como a marginal ligando o trevo norte ao trevo principal, por exemplo.
Enquanto o lucro quase dobrou, os investimentos da CCR no trecho caíram pela metade, com uma redução de 44% em relação ao ano anterior. A explicação da empresa é que a redução se deve ao término dos trabalhos iniciais e construção das praças de pedágio em 2021. A construção de um viaduto no acesso norte de Tubarão, para acabar com aquele afunilamento mal-acabado na saída da cidade, nem está no radar, pelo visto. E por que estaria?
Não há pressão política, por parte da prefeitura, da Câmara, das associações empresariais ou de qualquer outra liderança, para que as obras sejam feitas pela CCR. Isso explica em muito o porquê de sermos uma região pobre num Estado tão rico. Nós, do Sul, que esperamos mais de duas décadas pela duplicação do nosso trecho da BR-101, agora aceitamos bovinamente que uma empresa leve embora daqui todo esse dinheiro, sem nenhuma contrapartida.