Muitos acham que não dá nada. E na maioria das vezes não dá nada mesmo. Afinal, estamos no Brasil. Tive um professor, um grande promotor, que dizia que a justiça costuma andar num foguete quando é para atender os ricos, e em cima de um casco de tartaruga quando é para atender os pobres. Disse isso há mais de 30 anos: algo mudou?
Esse meu professor, infelizmente, foi mais uma das vítimas da covid. Morreram tantos conhecidos meus, em tão pouco tempo, que tragédia! Sem falar dos amigos. O professor de música dos meus filhos, o Deison Freitas, que foi o primeiro aqui em Tubarão. E mais uns aqui, outros ali, até chegar a um grande amigo, meu contador Evaldo Peters.
Essas perdas e tristeza atingiram a todos e quem se sentar com qualquer pessoa para conversar por alguns minutos ouvirá uma história familiar de perdas ou de sofrimento causados por esse vírus. Não era para ter morrido tanta gente. Tinha como se evitar muitas dessas mortes, bastava ter seguido o exemplo dos outros países.
Mas agora começa a responsabilização daqueles que têm culpa nessa tragédia, pois não se empilham mais de 600 mil mortos sem a colaboração de muita gente. A Defensoria Pública da União colocou o Conselho Federal de Medicina no banco dos réus por sua posição pró-cloroquina. A CPI da Covid indiciou 66 pessoas e duas empresas, incluindo Bolsonaro.
A partir daqui esse relatório da CPI é enviado para diferentes órgãos da justiça, para que cada um analise e, caso assim decida, prossiga com as investigações, cada qual na sua jurisdição. Resta saber se será em cima de um foguete ou de um casco de tartaruga. O que se sabe mesmo é que a única justiça que às vezes tarda, mas nunca falha, é a divina.