Não é difícil encontrar, especialmente num dia como este 20 de novembro, racistas repetirem a idiotice: “quando teremos o dia da consciência branca?” É sempre uma oportunidade ímpar de perguntar para estas pessoas: quando teremos, enfim, o dia do branco consciente? Consciente de que devemos sempre combater o racismo, a todo tempo e em todo lugar.
Não devemos tolerar nem mesmo absurdos do tipo: “não faço mimimi por que já me chamaram de branquelo”, ou “sempre tratei bem a minha faxineira, que é uma pessoa de cor”. É muito conveniente dizer isso quando se tem um lugar privilegiado na sociedade, que não impõe um preconceito aos brancos pela cor e ainda os beneficia socialmente por isso.
Não é que o mundo esteja chato, a sociedade evoluiu e os racistas não se adaptaram aos novos tempos. Na verdade, eles é que são os chatos. Fingem desconhecer que os negros é que foram tratados como animais durante centenas de anos de escravidão. Omitem que são os negros que recebem 70% a menos de salário, em relação aos brancos, segundo o IBGE.
São os negros que lotam as prisões brasileiras, e a maioria dos mortos em ações policiais. Um preto é mais vezes parado pela polícia num ano do que um branco a vida inteira. Quantos prefeitos, vereadores ou deputados pretos nós temos? Quantos chefes seus eram negros? Os brancos ocupam todos os espaços de poder, e ainda há aqueles que são contra as cotas.
Estudei a vida toda em escola particular e tinha apenas um negro na sala, quando tinha. As meninas pretas são vítimas de bullying pelo seu cabelo cacheado, não as meninas brancas. São os pretos que são seguidos por seguranças nos supermercados e em lojas. Os pretos é que são espancados ou chicoteados pelos covardes, e colocados para fora do estabelecimento.
Por isso, não perguntem cinicamente quando será o dia da consciência branca, mas quando chegará o dia em que todos os brancos serão conscientes da enorme dívida que temos com os pretos. Racismo é crime. Tem de ser combatido, denunciado e nunca normalizado, nem mesmo em conversas com amigos, muito menos com a família, que é a base da sociedade.