Secom fez sete pagamentos a Sikêra Jr. de dezembro de 2020 até abril deste ano; apresentador diz que 'não trabalha de graça'
O governo federal repassou R$ 120 mil de verbas públicas em cachê para o apresentador Sikêra Jr., da Rede TV!, conhecido por defender o governo Jair Bolsonaro, além de ser amigo da família do presidente.
A informação consta em documento entregue à CPI da Covid do Senado pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social).
De acordo com a planilha de pagamentos analisada pelo jornal Folha de São Paulo, a pasta realizou sete repasses para a empresa do apresentador, a José Siqueira Barros Junior Produções.
Eles foram feitos de dezembro do ano passado até abril deste ano, sob a justificativa da participação de Sikêra em sete campanhas publicitárias do governo, segundo o documento. Os desembolsos foram feitos pela Secom através da subcontratação das empresas PPR profissionais de publicidade reunidos e Calia/Y2 Propaganda e Marketing, que têm contratos com o Executivo.
Os valores foram registrados na planilha sob a descrição "áudio e vídeo-pagamento de cachê” para campanhas realizadas pelo governo em diferentes áreas. Entre elas está a do Cuidado Precoce para a Covid-19, que orientou pessoas com suspeita da doença a procurarem atendimento ainda nos primeiros sintomas. Sikêra recebeu R$ 24 mil.
Ele também ganhou R$ 16 mil para participar da campanha Semana Brasil 2020, realizada em setembro do ano passado “para celebrar a retomada, com segurança, da economia e dos empregos”. Outros R$ 24 mil foram embolsados pela campanha de “Lançamento cédula de R$ 200”; R$ 8.000 pela campanha de “Combate ao mosquito Aedes”; R$ 20 mil para a campanha de “Conscientização das famílias sobre os riscos de exposição de crianças na internet”; mais R$ 20 mil para a “Semana Nacional do Trânsito”; e por fim R$ 8.000 para a de “Uso Consciente de Energia e Água”.
Em março do ano passado, a Secom publicou em sua conta no Twitter, a “SecomVc”, outra campanha que Sikêra teria participado: “Juntos Somos mais Fortes”, sobre cuidados com o coronavírus. A Secom disse no post que Sikêra e outros profissionais teriam participado voluntariamente da ação, que estaria sendo veiculada sem custos para a União.
Procurado pela Folha por email nesta quarta-feira (16), Sikêra não respondeu. Entretanto, durante seu programa ele respondeu à demanda da reportagem, admitindo que recebeu os pagamentos e, depois, publicou em seu perfil do Instagram a resposta. Ele afirmou que recebeu do Ministério da Saúde, que “não trabalha de graça” e que vive de propaganda.