Teratoma epignathus é considerado um tumor benigno, mas de crescimento rápido que impede, em diversos graus, a respiração
O casal Gabriela e Heron Colonetti estavam eufóricos com o nascimento do primeiro filho. Gravidez tranquila, pré-natal em dia, até que Laura nasceu no dia 22 de junho, na maternidade do Hospital Nossa Senhora da Conceição, com 39 semanas e dois dias, pensando 3.100g. Logo após ao nascimento de parto natural, a criança já apresentou desconforto respiratório, cianose e hipotonia (moleza, diminuição do tônus muscular e da força), sendo necessário internação na UTI Neonatal e uso de ventilação mecânica.
Exames realizados revelaram que a recém-nascida tinha um epignato, teratoma congênito de orofaringe, tipo mais raro de teratoma, que compreende apenas 2% desses tumores fetais. Ele é considerado um tumor benigno, mas de crescimento rápido que impede, em diversos graus, a respiração. Portanto, a correta avaliação do grau de obstrução auxilia os médicos na tomada de decisão quanto à urgência da resolução cirúrgica. Uma decisão que exigia coragem dos pais e o envolvimento de muitos profissionais de saúde.
“Foram três dias bem difíceis até diagnosticar o problema. No segundo dia veio uma suspeita de que poderia ser um tumor. Fiquei paralisada e sem chão, sem conseguir questionar nada. Só no terceiro dia que confirmaram o teratoma epignathus. Chegamos a entrar em contato com alguns médicos da família, que nos explicaram sobre o tumor e que era mesmo um caso raro”, conta a mãe, Gabriela.
Assim, aos três dias de vida a pequena Laura foi submetida a uma cirurgia de, aproximadamente, três horas, via cavidade bucal para a ressecção do tumor. Uma cirurgia delicada, que não mediu esforços para salvá-la. O tumor, de 4,5 cm, estava localizado na parte da garganta logo atrás da boca.
“É essencial o diagnóstico precoce de um teratoma de orofaringe, assim como a ação de uma equipe multidisciplinar capacitada para o atendimento de um recém-nascido que necessita de cuidados imediatos para manter vias aéreas pérvias”, explica o cirurgião pediátrico André Caladrini Branco, que comandou o procedimento com uma equipe composta por mais dois cirurgiões da área: Maria Aparecida De Bem Comerlatto e Adalberto Reis Côrtes, dois cirurgiões de cabeça e pescoço: André Guedes e Francisco Castro dos Santos, e o anestesiologista Ney Biachini.
O caso evoluiu bem, tendo sucesso cirúrgico, sem recidivas ou sequelas graves à paciente que, no momento, já está em programação para correção da fissura palatina, uma malformação congênita, decorrente da falta de fusão do palato durante o período intrauterino, que também apresentou ao nascimento.
Agradecimentos
Depois de 19 dias de internação, Gabriela e Heron puderam levar a pequena Laura para casa, com sucção normal. Ela já consegue tomar até a mamadeira. “A recuperação é um processo de muita paciência, um dia de cada vez. Porém ela se recuperou muito bem e rápido”, conta a mãe.
“A gente nunca espera passar por um momento como esse no pós-parto. E eu agradeço muito a Deus por colocar profissionais tão dedicados e capacitados no nosso caminho. Ter um hospital e médicos assim na nossa cidade fez toda diferença, não precisamos nos deslocar para outra cidade ou estado para realizar uma cirurgia desse porte”.
Dr. André Caladrini ressalta que um dos fatores fundamentais neste processo foi a mãe ter o parto numa maternidade, principalmente com UTI Neonatal, pois o atendimento nos primeiros minutos e a internação na terapia intensiva foram primordiais para vida da criança. “O diagnóstico deve ser realizado o mais precocemente possível, preferencialmente durante o pré-natal, o que não foi o caso da pequena Laura, que teve todo acompanhamento e não apareceu nenhum vestígio do problema, mas foi detectado logo após o nascimento”, pondera.
“As cirurgias em recém-nascidos era, até alguns anos, um grande desafio para a medicina. Com o avanço da tecnologia, boa estrutura de centro cirúrgico e equipe qualificada, hoje o HNSC consegue operar crianças com apenas alguns dias, ou até horas de vida, mesmo casos raros como este.
Agora vendo a Laura sorrir, Gabriela e Heron transbordam gratidão. Eles deixam o agradecimento a toda equipe médica e multidisciplinar pelo excelente trabalho que realizaram. “Aos pediatras, enfermeiras e técnicas de enfermagem da UTI Neo e da pediatria, que são anjos na Terra, que nos acalmam e cuidam tão bem daqueles pequenos”, diz.
Ela ressalta também que foi muito importante a atenção da equipe do Banco de Leite Materno, pois Laura não conseguia mamar no peito devido à fenda palatina, tendo que se dedicar a tirar leite para que a filha pudesse se alimentar com o leite materno.
“Passei muito tempo no Banco de Leite. As meninas fazem um trabalho lindo lá, são muito dedicadas em amparar e incentivar e isso é muito importante em um momento delicado para as mamães que têm dificuldade com a amamentação. Enfim, o nosso muito obrigada de coração a todos”, finaliza Gabriela.
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