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GERAL
18/09/2020 07h44

No impeachment de Moisés, não sobrou ninguém para defendê-lo

Na coluna de Lúcio Flávio, a análise do prosseguimento do processo de impeachment de Moisés

O prosseguimento do processo de impeachment do governador Carlos Moisés, aprovado pela Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (17), me trouxe à lembrança as palavras de um teólogo luterano alemão, chamado Martin Niemöller, que lutou contra as violações de direitos humanos pelos nazistas. Nelas, ele fala do risco causado pela indiferença, e as tomo como inspiração para tentar explicar aos distintos leitores o que ocorre com o nosso governador.

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Primeiro Carlos Moisés brigou com os políticos tradicionais, mesmo os que tinham uma história de serviço prestada ao Estado, afinal, ele se intitulava da nova política. Depois, brigou com os deputados de seu próprio partido, o PSL, sendo atribuído ao governador a iniciativa do pedido de expulsar dois deles. Manteve-se distante dos demais deputados estaduais, esquecendo que eles também foram eleitos, igualmente representando a população catarinense.

Brigou com o presidente Bolsonaro, apesar de Moisés só ter sido eleito ao fazer arminha, usar camiseta verde e amarela e surfar na onda que levou aos governos pessoas desconhecidas, como ele próprio e o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, que, coincidentemente, também teve nesta quinta-feira a continuação de seu processo de impeachment aprovado pelos deputados cariocas.

Moisés brigou com o agronegócio, ao aumentar impostos para insumos agrícolas, incluindo os agrotóxicos, sem uma prévia negociação com os representantes do setor. Desprezou o trade turístico, ao extinguir a secretaria de Turismo. Ignorou a vice-governadora Daniela Reinehr, que rompeu publicamente com ele em uma carta cheia de mágoa e acusações. Desprezou a imprensa em todo seu governo, ao evitar entrevistas e priorizar lives e redes sociais.

Ainda teve tempo de comprar briga com o Tribunal de Contas, com o Tribunal de Justiça, com o Ministério Público, Udesc e Alesc, ao propor unilateralmente a diminuição do duodécimo. Com tantas brigas e tamanho desgaste, não espanta que apenas seis deputados, num total de 40, tenham votado para não afastar do governo alguém que foi eleito há menos de dois anos com 71% dos votos. Não sobrou ninguém para defendê-lo.

As palavras inspiradoras de Martin Niemöller: “Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.” 

Lúcio Flávio - Região em Destaque / Sul Agora
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