Tem gente que fica na beirinha da vida. Com o pé só encostando na água, calculando temperatura, profundidade, correnteza, opinião dos outros. Tem gente que não vive, analisa. Espera o momento ideal, o sinal dos céus, a certeza de que tudo vai dar certo — como se a vida entregasse algum tipo de garantia por escrito.
Mas viver, de verdade, é mergulho.
É se jogar de olhos abertos, mesmo com medo. É atravessar a insegurança com coragem. Porque não há salto sem risco, nem travessia sem frio na barriga.
Quem vive só na margem acaba colecionando possibilidades não vividas. Amores que não foram, palavras que engasgou, vontades que deixou pra depois — e esse “depois” às vezes não chega.
A água pode estar fria. O coração pode acelerar. Pode faltar fôlego nos primeiros segundos. Mas depois… ah, depois o corpo entende, a alma agradece, e a liberdade abraça.
Se for pra temer o mergulho, então talvez seja melhor nem molhar o pé. Porque a água não gosta de indecisos — ela acolhe quem se entrega.
Receba outras colunas direto em seu WhatsApp. Clique aqui.