Nem sempre a dor sabe falar bonito.
Às vezes, ela tropeça nas palavras, engasga no meio da frase, escorre pelos olhos antes de se organizar na boca. Às vezes, a pessoa tenta explicar… tenta ser clara, tenta se fazer entender… mas tudo o que consegue é chorar.
E é nesse momento que a gente precisa lembrar: se alguém chora enquanto tenta dizer o que sente, é porque está doendo muito mais do que parece.
O choro é o idioma da alma quando o corpo já não dá conta de carregar tudo sozinho.
É o transbordamento de quem segurou firme por tempo demais.
De quem já ensaiou mil vezes aquele desabafo, mas na hora o peito aperta e as palavras se misturam com lágrimas que não pedem licença.
Ouvir alguém assim é um privilégio — e uma responsabilidade.
Porque quem chora e fala ao mesmo tempo está se despindo na nossa frente.
Está abrindo ferida, está mostrando a parte mais sensível, está confiando que você vai acolher e não julgar.
Nessa hora, não se apresse em dar conselho.
Não corra pra apontar soluções, nem diminua a dor dizendo que “não é tanto assim”.
A melhor coisa que você pode fazer é estar presente. Com olhar gentil, com escuta atenta, com o silêncio que abraça mais do que mil palavras.
A dor precisa de colo antes de conselho.
Precisa ser reconhecida antes de ser remendada.
Então, da próxima vez que alguém chorar tentando se explicar, não fuja, não desvie, não minimize.
Ouça com carinho.
Porque para chegar até aquele momento, essa pessoa já lutou batalhas invisíveis que você nem imagina.
E agora tudo o que ela precisa é de um pouco de compreensão para aliviar o peso que carrega.
Escutar também é uma forma de amar.
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