De todas as saudades que a vida pode nos impor, há uma que ninguém nos ensina a lidar: a saudade de nós mesmos. Não de quem somos agora, mas de quem já fomos um dia.
É estranho perceber que sentimos falta de uma versão nossa que parecia mais leve, mais corajosa, mais feliz. Como se, em algum ponto do caminho, tivéssemos nos perdido de nós mesmos, deixando para trás aquela pessoa que ria sem motivo, que sonhava sem medo, que acreditava sem hesitar.
Lembro de mim em tempos em que a vida era menos pesada. Quando as preocupações eram pequenas, os dias pareciam ter mais cor e eu não carregava nos ombros tantas histórias, tantas dores, tantos cansaços. Havia uma versão minha que dançava sem pensar no ridículo, que falava bobagens sem calcular cada palavra, que se encantava com a simplicidade das coisas. Onde ela foi parar?
Talvez seja isso que chamam de amadurecer. Talvez seja apenas o peso do tempo. Mas há dias em que me pego querendo reencontrar aquela pessoa que já fui. Abraçá-la, dizer que sinto falta dela e perguntar se podemos voltar a andar juntas.
O que a vida nos tira, será que também nos devolve? Ou será que essa saudade de mim mesma é só um lembrete de que, no fundo, ainda estou aqui, esperando por uma chance de renascer?
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