Tem gente que chama de força o que, na verdade, é silêncio imposto. Aguentar tudo calado virou sinônimo de maturidade. De equilíbrio. De ser “forte”. Mas não é. Engolir palavras, dores, indignações e medos não é força — é acúmulo. E todo acúmulo uma hora transborda.
Aquela mulher que parece sempre estável, aquela que nunca reclama, que diz “tá tudo bem” mesmo quando os olhos denunciam o contrário, não está mais forte. Está apenas mais cheia. De mágoas não ditas, de decepções acumuladas, de pesos que não eram só dela, mas que ela assumiu mesmo assim.
Sabe por quê? Porque aprendeu que falar incomoda. Que ser sincera afasta. Que chorar é fraqueza. E que, no fundo, ninguém quer ouvir a verdade quando ela vem acompanhada de dor.
Mas chega uma hora… em que a alma não aguenta. A lágrima desce. A garganta fecha. O corpo adoece. A explosão vem. Nem sempre com grito. Às vezes é no silêncio ainda mais profundo. Na ausência. Na desistência. No “cansei” dito baixo, depois de uma vida inteira gritando por dentro.
É por isso que terapia não é luxo.
É resgate.
Resgate da voz. Do fôlego. Da identidade. Da coragem de existir inteira.
É ali, num espaço seguro, que a gente aprende que não precisa aguentar tudo. Que desabafo não é drama. Que dor dividida não é fraqueza, é sobrevivência.
Quem aguenta tudo calado, uma hora desaba.
E se não for em palavras, o corpo fala.
Fala em doença, em insônia, em ansiedade, em depressão.
Falar salva.
Ouvir, cura.
Sentir, liberta.
Terapia é isso: o lugar onde o silêncio vira verbo.
E onde a dor encontra nome, sentido e, enfim… alívio.
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