A gente esconde porque tem medo. Medo de parecer demais, de parecer de menos, de ser julgado, de não ser aceito. A gente esconde porque acredita que manter certas verdades longe dos olhos do outro vai manter esse outro perto. Mas, no fundo, todo mundo sente quando há algo faltando. E o que falta pesa.
Esconder algo — um pensamento, uma emoção, um passado, uma dúvida, uma escolha — pode até parecer um gesto de proteção, mas quase sempre é um gesto de sabotagem. A verdade engavetada, mais cedo ou mais tarde, transborda. E quando transborda, ela não vem sozinha: vem com o gosto amargo da mentira, com o ruído do silêncio, com a mágoa do tempo que passou sem que o outro soubesse o que realmente havia ali.
Quantas vezes, por medo de perder, a gente deixou de ser quem é? Quantas vezes vestimos uma versão nossa mais aceitável, mais leve, mais conveniente, acreditando que assim o amor se manteria em pé? Mas amor que se sustenta em cima de omissões vive pendurado num fio frouxo. Uma hora arrebenta. E quando arrebenta, não é só a verdade que cai: cai junto a confiança, o afeto, o vínculo.
Você pode esconder o que sente, o que pensa, o que fez ou o que deseja. Mas saiba: cada vez que faz isso por medo de perder alguém, está dando um passo para longe dessa pessoa. Porque só se constrói junto com quem se conhece inteiro. Só se permanece ao lado de quem se revela, mesmo com falhas, com dores, com passados tortos.
A gente não perde alguém porque foi sincero. A gente perde porque não teve coragem de ser. E aí, quando o outro vai embora, não é apenas pela verdade que apareceu — é por tudo o que foi deixado de lado enquanto ela era escondida.
Então não esconda. Não por ele. Nem por ela. Por você. Porque, no fim, quem se oculta para não perder o outro, perde a si mesmo primeiro. E aí, perde tudo.
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