O casamento não termina quando um vai embora. Termina antes — no instante em que os dois ficam, mas já não se encontram. Quando é preciso medir palavras, disfarçar o olhar, engolir o que sente para não ferir, para não discutir, para não perder o pouco que sobrou.
O casamento acaba quando a verdade deixa de caber dentro da casa. Quando um diz “tá tudo bem” e o outro finge acreditar. Quando o “bom dia” vira protocolo e o “boa noite” é só despedida de quem divide teto, não mais sonho.
É um fim que não faz barulho. Não tem briga, nem grito, nem porta batendo. É um adeus silencioso, escondido em sorrisos sociais e abraços curtos.
Os dois seguem juntos, mas separados dentro do mesmo quarto, do mesmo calendário, da mesma rotina que um dia foi amor.
O casamento acaba quando a sinceridade se torna perigosa.
Quando é mais seguro mentir o que sente do que enfrentar o que se tornou.
E é triste perceber que, às vezes, o amor não morre de falta — morre de silêncio.
De tanto medo de dizer o que se sente, de tanto tentar preservar o que já não existe.
Porque o que sustenta um casal não é o tempo — é a verdade.
E quando ela vai embora, não importa quem fica: o casamento, esse, já acabou.
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