Ela entrou no consultório com os olhos baixos, o peso no semblante e a alma em cacos. Não era a primeira, nem seria a última. Mais uma mulher que contraiu uma infecção sexualmente transmissível do próprio marido – agora, futuro ex.
Sim, do homem com quem dividia a cama, os sonhos, os filhos e o sobrenome.
É assustador.
Assustador porque essas histórias vêm se repetindo com uma frequência que grita.
Assustador porque ainda existe quem acredite que o casamento seja um escudo contra traição, mentira ou descuido.
Assustador porque elas sofrem caladas, esmagadas entre o medo, a vergonha e a dúvida: “E se ninguém acreditar em mim? E se acharem que eu é que fui descuidada?”
Mas a verdade é nua e crua: muitas mulheres casadas estão adoecendo, não por escolhas próprias, mas pelas escolhas inconsequentes de seus parceiros. Homens que se sentem no direito de andar por aí colecionando riscos – e depois levam esses riscos para dentro de casa, para o corpo da mulher que confia, que se doa, que espera fidelidade não como favor, mas como pacto mínimo de respeito.
É devastador. Não só pela doença que marca o corpo, mas pela dor que dilacera a alma.
É uma ferida que lateja na saúde, na confiança, na sexualidade, na dignidade.
E é preciso falar sobre isso.
É preciso gritar quando o silêncio vira cúmplice.
É preciso orientar, acolher, fortalecer.
Porque amor não combina com irresponsabilidade.
Porque cuidado não pode ser unilateral.
Porque parceria de verdade não adoece ninguém.
Ela saiu mais leve, com um plano para cuidar da saúde e outro para reconstruir a vida.
Ferida, sim. Mas não quebrada.
Porque mulher que sobrevive à traição e ainda escolhe seguir com dignidade é daquelas que renascem – e quando renascem, voam.
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