Por que fugimos do que nos transforma?
Porque transformar-se dói.
Fugimos do que nos transforma porque isso, quase sempre, exige que algo em nós morra: uma crença antiga, uma forma confortável de pensar, um relacionamento seguro (mas talvez infeliz), ou até mesmo uma identidade que cultivamos por anos.
Transformar-se implica reconhecer que algo não serve mais. E admitir isso mexe com o nosso senso de segurança. O novo é incerto, e o cérebro humano — programado para nos proteger — prefere o conhecido, mesmo que nos aprisione, ao desconhecido que pode nos libertar.
Além disso, transformação pede entrega. E entrega exige coragem. Pede que a gente confie no processo antes mesmo de saber o resultado. Exige que a gente atravesse o escuro sem mapa, sentindo tudo sem garantias.
Às vezes fugimos porque não nos achamos prontos. Outras, porque sabemos que, depois da mudança, não teremos mais desculpas. Não poderemos mais dizer: “sou assim mesmo”. Teremos que assumir a autoria da própria vida — com todas as renúncias e consequências que isso traz.
Mas a verdade é: tudo o que evitamos por medo de mudar continua nos mudando em silêncio — só que sem o nosso consentimento. E aí, em vez de transformação, vira sofrimento.
Coragem não é ausência de medo. É ação, apesar dele.
E no fim, o que mais nos transforma… é o que mais nos revela.
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