Tem gente que se aproxima das nossas dores com luvas, medo e distância. Como se as marcas que carregamos fossem contágio. Como se o que já nos feriu pudesse atingi-los também. Gente que ou se afasta ou tenta cobrir com frases prontas e promessas apressadas. Mas não é disso que a gente precisa.
A gente precisa de alguém que, ao perceber a ferida, não recue. Que não diga: “Você é complicada demais” ou “passado é passado”. Precisa de alguém que sente ao lado, toque de leve e diga: “Me conta como isso aconteceu”.
Fique com quem não tem medo de beijar suas cicatrizes — e não estou falando só das do corpo. Falo daquelas que o tempo não apaga, mas também não deve esconder. Fique com quem não julga sua intensidade, sua carência, sua mania de querer ser forte o tempo todo… e que entende quando, às vezes, você simplesmente não consegue.
Fique com quem olha para suas rachaduras e, ao invés de querer consertá-las, admira a coragem de você ainda estar de pé.
Porque amor de verdade não tenta salvar você: caminha junto. Não se assusta com seus silêncios, com os dias em que você precisa se recolher, com os momentos em que suas dores falam mais alto que o sorriso.
Tem gente que tenta amar só a parte bonita. Só o que é fácil, leve, alegre. Mas a parte mais bonita de você é justamente essa: a que sobreviveu.
Fique com quem sabe disso.
Com quem beija sua cicatriz como se dissesse: “Eu te vejo. Inteira. Mesmo onde você acha que está quebrada.”
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