Sou do tempo do disco de vinil. Um tempo em que a música vinha embalada em poesia e paciência. Para ouvir uma canção, não bastava apertar um botão; era preciso um ritual: escolher o disco, posicionar a agulha e, sobretudo, virar o lado. E foi com esses discos, que giravam entre arranhões e melodias, que aprendi uma lição valiosa: só ouvindo os dois lados é que se escuta o disco inteiro.
A vida, como um vinil, também tem seus lados. Há o lado claro, cheio de luz, sorrisos e conquistas, e o lado oculto, onde habitam os silêncios, as pausas e os aprendizados difíceis. Não dá para entender a nossa história sem ouvir ambos. Cada lado tem sua harmonia, e até as falhas, como os chiados do vinil, fazem parte do encanto.
Quantas vezes nos deixamos levar pela pressa e ouvimos apenas metade da música? Olhamos para alguém e julgamos sem conhecer o outro lado da história. Vivemos um momento difícil e esquecemos que, ao virar o disco, um novo som pode nos surpreender.
O vinil me ensinou que a paciência é essencial para saborear a completude. Que há beleza nos dois lados e que, às vezes, é preciso ouvir o lado mais áspero para valorizar o lado mais suave. Aprendi que cada lado tem seu tempo, sua mensagem, e que a vida, como a música, é mais rica quando escutada por inteiro.
Então, seja qual for o momento, lembre-se: ainda há um lado a virar.
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