O Dia Internacional da Mulher chega todo ano com flores, descontos em lojas e discursos bonitos. Mas mulher nenhuma precisa de parabéns pelo simples fato de existir. O que ela merece mesmo é respeito, oportunidades iguais, reconhecimento sem desconto. Porque, por trás dos sorrisos que ela distribui com a maquiagem impecável, há cicatrizes que ninguém vê - e batalhas diárias que muitos fingem não notar.
Ser mulher é equilibrar-se entre a delicadeza e a força, entre a vontade de abraçar o mundo e a exaustão de ter que provar, todos os dias, que pode. Que merece. Que é capaz. É carregar um currículo impecável e ainda assim ouvir que precisa melhorar o humor. É ser interrompida em reuniões, silenciada em mesas de bar, julgada pelo que veste e não pelo que pensa.
Mas, mesmo com todas as pedras no caminho, mulher vai. Vai com medo, vai com dúvida, vai com salto ou tênis, vai com filho no colo ou sozinha. Porque ela sabe que sua existência, em si, já é um ato político. Que ocupar espaços é abrir portas para as que vêm depois. Que desistir nunca foi opção.
Há quem chame isso de resiliência, mas a verdade é que é cansaço mesmo. Cansaço de ouvir que precisa se comportar, que precisa ser doce, que precisa sorrir mais. Cansaço de ser avaliada pela idade, pelo corpo, pelo estado civil. Cansaço de lutar para ser levada a sério num mundo que tenta reduzi-la a enfeite.
Mas, apesar de tudo, a mulher segue. Conquista. Ocupa. Desafina o coro dos conformados. E sua maior vitória não é só romper tetos de vidro, mas também admitir, sem vergonha, que está cansada. Que sente medo, que chora escondido no banheiro, que carrega ressentimentos antigos de portas fechadas na cara.
E, ainda assim, continua. Porque, para ser mulher, é preciso uma dose de coragem que o mundo não imagina. É preciso se reconstruir toda vez que dizem que não vai dar, é preciso se enxergar bonita mesmo quando tentam convencer que não. É preciso fazer das quedas trampolim, das lágrimas combustível, dos insultos motivação.
Então, neste Dia Internacional da Mulher, dispensem as flores murchas e os elogios vazios. Se querem mesmo homenageá-las, que seja com salários justos, com respeito genuíno, com oportunidades reais. Porque a mulher não precisa de enfeites. Ela precisa de espaço para ser tudo o que quiser.
E se o mundo ainda não entendeu isso, paciência. Ela vai continuar indo. E que venha o próximo 8 de março, porque desistir jamais esteve nos seus planos.
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