Subir sozinho a montanha não é um ato de coragem — é, muitas vezes, de necessidade. Quando o barulho do mundo vira ruído, quando os conselhos soam como críticas disfarçadas, quando a presença dos outros já não oferece refúgio, o lobo se afasta. Não por orgulho, mas por sobrevivência.
A solidão da subida é árida. Não tem plateia. Não tem tapinha nas costas. Às vezes, nem trilha. O lobo sobe por instinto, guiado apenas pela urgência de reencontrar a si mesmo. Cada passo é um enfrentamento: da dor, do medo, daquilo que ele fingiu não ver enquanto seguia em bando.
O frio lá em cima é brutal. O silêncio é absoluto. Mas é ali, onde ninguém chega por acaso, que o lobo aprende. Aprende que há feridas que não se curam com colo, e sim com tempo e verdade. Que há dores que não passam, mas ensinam. Que há forças que só surgem quando tudo o que se tem é a si mesmo.
O lobo que sobe sozinho a montanha volta diferente. Mais firme. Mais inteiro. Mais seletivo.
Volta sem fome de aplausos, sem pressa de se explicar, sem medo de andar só de novo. Ele não esquece o caminho da solidão, mas agora entende o valor da sua própria companhia.
Não volta melhor que ninguém. Volta mais próximo de si.
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