A necessidade de ser amado pode nos levar por caminhos tortuosos. Começamos cedendo em pequenas coisas, ajustando um gosto aqui, um comportamento ali. “Tudo bem”, pensamos, “é só um detalhe”. Mas, quando nos damos conta, já não somos mais quem éramos. É como se, pouco a pouco, a nossa essência fosse sendo esculpida pelas expectativas do outro, até que restasse apenas uma versão pálida de quem costumávamos ser.
O espelho não mente. Ele começa a nos mostrar um rosto cansado, um olhar que perdeu o brilho, um sorriso que não nos pertence mais. É o reflexo de alguém que deixou de lado as próprias vontades, os próprios sonhos, apenas para caber na vida de outra pessoa. O preço de manter alguém por perto, às vezes, é alto demais: a nossa própria identidade.
Mas será que vale a pena? Será que o amor, para ser verdadeiro, exige tanto sacrifício? Não. Amar não é sobre se moldar até desaparecer. Amar é sobre somar, crescer, compartilhar sem abrir mão de si mesmo. Qualquer relação que exige que você se diminua para caber não é amor; é prisão disfarçada de afeto.
É hora de se reencontrar. De olhar no espelho com coragem e perguntar: “Quem sou eu, e o que quero para mim?” É hora de voltar a dizer “não” quando algo não faz sentido, de redescobrir o que faz seu coração vibrar, de buscar um amor que não apague sua luz, mas que brilhe ao lado dela.
O amor verdadeiro não pede que você se molde; ele te aceita como você é. E mais do que isso: ele te inspira a ser cada vez mais você, sem máscaras, sem medo. Porque, no fim das contas, o amor que realmente vale a pena é aquele que não exige a sua renúncia, mas que celebra a sua liberdade.
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