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Há mais mulheres escondendo estupros do que inventando que foram estupradas

17/05/2025 06h55

Falar de estupro é rasgar um véu pesado. É mexer numa ferida que a sociedade insiste em cobrir com silêncio, desconfiança e preconceito. E, no meio desse cenário, há uma mentira que precisa ser desmascarada: a ideia de que mulheres inventam estupros.


A verdade — crua, incômoda, mas necessária — é que há muito mais mulheres escondendo estupros do que inventando que foram estupradas.


Escondem porque têm medo.

Porque sabem que, ao falar, serão julgadas antes de serem ouvidas.

Porque conhecem a engrenagem perversa que costuma funcionar a favor do agressor e contra a vítima.


A mulher que decide contar que foi estuprada precisa, antes, estar disposta a enfrentar uma maratona de perguntas que não deveriam existir: “Mas você tinha bebido?” “Você não provocou?” “Tem certeza que não foi consensual?” “Você não se arrependeu e agora quer se vingar?”


Ela sabe que, ao denunciar, seu passado será vasculhado. Suas roupas serão analisadas. Seu comportamento será dissecado. E sua dor será colocada sob suspeita.


Então, muitas se calam.

Guardam o estupro em gavetas fundas da memória, trancam com cadeado e tentam seguir. Com a alma rasgada e o corpo marcado, mas com a esperança de que o silêncio doa menos que o julgamento.


Enquanto isso, do lado de fora, ecoa a velha falácia de que “mulher inventa estupro para se vingar”. É conveniente acreditar nisso. É mais fácil deslegitimar a vítima do que encarar o fato de que vivemos em uma sociedade que ainda naturaliza a violência contra o corpo feminino.


Mas eu te digo:

Para cada história inventada — que é rara e estatisticamente irrelevante — existem milhares de relatos engolidos. Histórias que nunca chegarão às delegacias. Vidas que carregam o peso de uma violência que nunca foi reparada.


É hora de inverter a lógica.

De ouvir antes de julgar.

De acolher antes de duvidar.


Porque o medo de não ser acreditada adoece tanto quanto o trauma.

Porque uma mulher que denuncia estupro não quer vingança.

Quer justiça. Quer paz. Quer a liberdade de viver sem o peso de um segredo que nunca deveria ter existido.


Acredite em mulheres.

Acolha mulheres.

Proteja mulheres.


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SIBÉLE CRISTINA
Coluna atualizada de segunda a sábado
Sibéle Cristina Garcia é apresentadora do programa Mais Mulher na UniTVSC desde maio de 2008. Graduada em Pedagogia e Marketing. Pós-graduada em Sexualidade Humana e Sexologia. É especialista em Relacionamento Abusivo, comunicadora, terapeuta e encorajadora da liberdade feminina.
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