Estamos nos transformando em especialistas de minutos — respostas rápidas, áudios de trinta segundos, resumos apressados da própria alma. Viramos práticos, quase robóticos. E perdemos o jeito de conversar.
Não sabemos mais o que fazer com silêncios entre uma frase e outra. Pausas já são vistas como desconforto. E se a conversa demora, cansamos. Se o outro aprofunda, desviamos. Se nos olham nos olhos por tempo demais, abaixamos os nossos.
Temos a urgência de terminar logo, de encurtar tudo, de chegar ao ponto. Mas o ponto… o ponto mesmo, quase nunca está na pressa.
Conversas longas exigem escuta. Exigem presença, paciência, tempo — tudo aquilo que estamos aprendendo a evitar. A gente vive cercado de notificações, mas carente de conexão. Sabemos tudo o que está acontecendo no mundo, mas não conseguimos nomear o que sentimos por dentro.
Temos medo de nos estender. De nos mostrar por inteiro. De sustentar a atenção em algo que não seja “reels”, “stories” ou “likes”.
Mas a vida de verdade ainda mora nas entrelinhas. Na hora a mais no café com uma amiga. No telefonema que começa com “só pra saber se está tudo bem” e vira desabafo. Na mensagem sem filtro, com erros de digitação, mas cheia de verdade. No tempo que se dá — e que se compartilha.
Talvez seja tempo de desaprender a urgência. E reaprender o valor da conversa demorada. Porque é nela que mora a gente. Inteira.
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