Sempre ouvimos que o mundo precisa de mais pessoas boas.
Boas de coração, boas de palavra, boas de gesto.
Mas, com o tempo, descobrimos que ser bom nem sempre é suficiente.
Às vezes, é preciso ser justo.
A bondade, quando não é acompanhada de justiça, corre o risco de ser conivente.
Quantas vezes fomos “bons demais” com quem ultrapassou todos os limites?
Quantas vezes dissemos sim só para não magoar, e no fim, nos ferimos por dentro?
Quantas vezes calamos diante do erro, por medo de parecer duros demais?
Ser justo exige coragem.
Porque justiça nem sempre agrada.
Ela exige escolhas firmes, palavras certas na hora certa, limites claros, retidão.
Ela não se molda para ser aceita — ela se sustenta para ser coerente.
A justiça enxerga o todo.
Ela considera o contexto, a consequência, a verdade.
E, curiosamente, é na justiça que mora uma bondade mais profunda —
aquela que não se rende ao impulso, que pensa antes de agir, que corrige com amor, mas também com firmeza.
Já a bondade que se descola da justiça, muitas vezes é só medo disfarçado.
Medo de conflito.
Medo de parecer má.
Medo de perder o afeto dos outros.
Mas o afeto que exige que eu me cale, que eu me anule, que eu me diminua… não é afeto. É prisão.
Mais do que bons, devemos ser justos.
Porque a justiça constrói respeito. E o respeito, quando encontra a doçura, dá origem à verdadeira bondade: aquela que não fere nem se fere.
Ser justo é amar de maneira adulta.
É dizer “não” quando necessário.
É colocar limites sem deixar de cuidar.
É acolher, mas sem se anular.
É ser firme sem deixar de ser sensível.
No fim das contas, é a justiça que sustenta relações saudáveis, famílias íntegras, amizades verdadeiras e sociedades mais humanas.
A bondade por si só pode até ser doce —
Mas é a justiça que a torna digna.
Receba outras notícias pelo WhatsApp. Clique aqui e entre no grupo do Sul Agora.
