Há quem confunda aliança no dedo com algema no coração. O casamento, idealizado por tantos como o ápice do amor, muitas vezes se torna um território onde o amor vai desaparecendo silenciosamente, substituído por uma dependência emocional disfarçada de companheirismo.
Sim, há casamentos lindos, saudáveis, construídos em respeito e liberdade. Mas também há aqueles em que um se perde no outro — ou pior, um se anula para que o outro se sinta inteiro.
A dependência emocional costuma chegar sorrateira. Começa com a ideia de que “não sei viver sem você”, depois evolui para “não posso tomar decisões sem a sua aprovação”, e de repente a vida de um gira exclusivamente em torno do outro. Já não se sabe mais quem se é fora da relação.
Isso não é amor. É medo. Medo da solidão, medo de não ser suficiente sozinho, medo de enfrentar o mundo com os próprios pés. Amor verdadeiro caminha lado a lado, não sobre os ombros. Amor não exige que ninguém se diminua para caber.
Casamento não deveria induzir à dependência, mas à parceria. Não deveria aprisionar, mas libertar. Deveria ser o espaço seguro onde cada um pode ser inteiro — e ainda assim escolher o outro todos os dias.
Porque quando a relação é baseada em necessidade, e não em escolha, o amor perde o brilho e o afeto vira obrigação. E nada é mais triste do que permanecer por medo, e não por vontade.
Que a gente aprenda, enfim, que amar não é precisar. É transbordar.
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