Tem coisa que a gente só descobre quando começa a se preservar. Quando para de dizer sim o tempo todo, quando escolhe não se sobrecarregar, quando aprende a se ouvir antes de agradar. É aí que a peneira da vida se instala — e o que parecia afeto, muitas vezes, vira silêncio. Ou cobrança. Ou afastamento.
É fácil te amar quando você está sempre disponível. Quando resolve tudo, carrega o mundo nas costas, empresta o ombro, o tempo, a paz. Difícil é continuar ao teu lado quando você começa a dizer: “hoje, não posso”, “não me faz bem”, “não quero mais dessa forma”.
Impor limites é um ato de amor-próprio. Mas também é um divisor de águas. Porque é nessa hora que algumas máscaras caem, que algumas relações esfriam e que verdades doloridas aparecem: algumas pessoas nunca amaram você — amavam o que você fazia por elas.
É duro perceber isso, mas é libertador. Porque quem te ama de verdade não se assusta com seus limites — respeita. Não se afasta quando você se protege — compreende. Não vira o rosto porque você não está mais disponível o tempo todo — acolhe. Amor de verdade sabe que reciprocidade é base, não favor.
Ser útil é bom, mas não pode ser condição para ser amado. Você não está no mundo para se desgastar por quem só te procura quando precisa. Relacionamentos saudáveis são feitos de trocas sinceras, não de exploração disfarçada de carinho.
Então, continue. Diga não quando for preciso. Recue quando for necessário. Cuide de si sem culpa. Porque é só quando você se posiciona que descobre quem realmente está com você — e não apenas com o que você oferece.
No fim, os limites que você coloca afastam os aproveitadores e aproximam os que sabem amar de verdade.
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