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Amores e masculinidades

11/01/2025 06h24

Leandro Karnal, com sua habilidade de provocar reflexões, nos desafia a pensar sobre os afetos masculinos em sua frase: “Homens héteros amam outros homens héteros. Eles precisam da mulher para se satisfazer e reafirmar sua masculinidade, mas todo afeto é para um outro homem.” De imediato, soa polêmico, mas é, acima de tudo, uma oportunidade para olhar com profundidade para as relações humanas, especialmente as entre os homens.


Por séculos, o modelo de masculinidade foi construído sobre pilares rígidos: força, controle, invulnerabilidade. Nesse cenário, a mulher foi colocada como validação, como a prova necessária de que aquele homem era, de fato, “masculino”. No entanto, quando observamos os laços entre os homens, percebemos algo curioso: uma dependência emocional disfarçada, uma busca por aprovação, respeito e reconhecimento de seus pares.


Pense nos elogios, na admiração, nas rivalidades que os homens nutrem entre si. Muitas vezes, a mulher é apenas o meio pelo qual eles tentam se posicionar ou se destacar no grupo. Desde a adolescência, quantos comportamentos masculinos são voltados mais para impressionar outros homens do que para conquistar verdadeiramente uma mulher? Quantos padrões de comportamento - o “não chorar”, o “ser forte”, o “não demonstrar sentimentos” - são perpetuados, não para as mulheres, mas para evitar julgamentos de outros homens?


Isso não quer dizer que homens héteros não amem as mulheres em suas vidas, mas questiona a quem, de fato, eles entregam suas maiores vulnerabilidades. Quantos homens têm coragem de demonstrar fragilidade diante de uma mulher? De ser transparentes com seus medos, suas inseguranças? E, paradoxalmente, quantos se sentem mais à vontade para compartilhar esses sentimentos com seus amigos?


A frase de Karnal nos instiga a questionar o papel que a masculinidade hegemônica exerce nas relações humanas. Ela nos convida a refletir: o que aconteceria se os homens amassem as mulheres não como reafirmação de sua identidade, mas como parceiras iguais? O que mudaria se os laços entre os homens fossem mais livres, mais leves, menos carregados de competição e necessidade de validação?


Talvez a verdadeira liberdade masculina esteja em aprender a amar sem precisar provar. Em poder ser vulnerável tanto diante de uma mulher quanto de outro homem, sem medo de perder o que chamam de “masculinidade”. Afinal, o amor - seja ele qual for - nunca deveria ser uma ferramenta para reafirmações, mas uma ponte para conexões genuínas.


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SIBÉLE CRISTINA
Coluna atualizada de segunda a sexta-feira
Sibéle Cristina Garcia é apresentadora do programa Mais Mulher na UniTVSC desde maio de 2008. Graduada em Pedagogia e Marketing. Pós-graduada em Sexualidade Humana e Sexologia. É especialista em Relacionamento Abusivo, comunicadora, terapeuta e encorajadora da liberdade feminina.
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