As pessoas não são, necessariamente, viciadas em drogas, álcool, compras ou redes sociais. São viciadas em fuga.
Fuga da dor, da lembrança, da solidão, da ausência de sentido.
A verdade é que todo excesso esconde uma falta.
Tem gente que bebe para esquecer o que sente.
Outros comem demais para anestesiar a ansiedade.
Há quem compre o que não precisa para tentar vestir um vazio que não se preenche com sacolas.
E tem aqueles que enchem a agenda, fazem mil cursos, ajudam todo mundo… para não precisar ajudar a si mesmos.
A fuga é silenciosa.
Disfarçada de hábito, de gosto, de estilo de vida.
Mas, no fundo, é um grito. Um pedido de socorro disfarçado de rotina.
O excesso é uma forma de anestesia.
A pessoa que se afunda em compulsões não quer prazer — quer alívio.
E quando não tem coragem de encarar a realidade, se distrai da dor com tudo o que puder.
Só que fugir da dor não a resolve.
Ela apenas se esconde em algum canto escuro, esperando o próximo silêncio para gritar mais alto.
Por trás do copo, da droga, da compulsão, do comportamento repetitivo, tem alguém ali… pedindo colo.
Alguém que um dia foi ignorado, rejeitado, pressionado demais, amado de menos.
Alguém que não aprendeu a lidar com a própria verdade.
Enquanto a sociedade aponta o dedo para o vício, eu prefiro perguntar:
— O que está doendo tanto aí dentro?
Porque ninguém se destrói à toa.
Sempre tem uma ferida por trás do excesso.
E talvez o que mais cure não seja o remédio, o tratamento ou a internação — mas um olhar amoroso. Uma escuta sem julgamento. Uma mão estendida que diga:
“Você não precisa mais fugir. A gente pode enfrentar isso juntos.”
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