No começo, tudo era vontade. Vontade de falar, de ouvir, de sair, de estar junto. Tudo era urgente, delicioso, necessário. A mensagem respondida na hora. O convite aceito sem pensar duas vezes. O olhar atento, o toque espontâneo, o riso fácil.
Mas o tempo, se não for bem cuidado, vai minando o frescor dos encontros.
A rotina chega como quem não quer nada e, quando se vê, ela já se instalou no meio da cama.
A preguiça começa de leve: uma resposta adiada, um “depois a gente vê”, um “tô cansado hoje”.
Aos poucos, a conversa vira monólogo, o outro vira paisagem e o beijo vira protocolo.
E o que era preguiça vai virando avareza.
Avareza de atenção, de presença, de escuta.
Avareza de toque, de gentileza, de esforço.
É sutil. Quase imperceptível. Mas vai matando devagar.
Porque o amor, diferente do que dizem, não morre de uma vez. Ele vai deixando de se alimentar, de se regar, de se movimentar.
E então, um dia, dois corpos dividem a mesma cama, mas vivem mundos distantes.
Dois corações que já foram lar, viram silêncio e ausência.
Por isso, cuide.
Fale, mesmo quando parecer bobo.
Ouça, mesmo quando parecer repetido.
Saia, mesmo quando parecer mais cômodo ficar.
Porque amar dá trabalho. Mas é o trabalho mais bonito que existe.
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