Um conhecido vereador do município de Tubarão, que exercera mandato no século passado, frequentava todos os sábados um tradicional “arrasta-pé” no salão paroquial da localidade de Congonhas.
Na época dos fatos, a vereança não era uma atividade lucrativa, de modo que o tal edil não tinha outra opção senão percorrer a pé os cinco quilômetros entre sua casa e o salão de bailes. Ele era um homem magricela e corcunda, e andava pelas estradas sempre com a cabeça abaixada e o queixo colado junto ao peito. Além da longa caminhada, o intrépido representante do Legislativo enfrentava com coragem a assustadora escuridão na "Reta da Congonha," visto que ainda não havia chegado a iluminação pública por aquelas bandas.
Naquela noite sinistra de um sábado frio, o céu estava com nuvens carregadas e o vento Sul soprava forte. Logo depois de passar pelo trilho do trem, o vereador parou para acender um cigarrinho. Como que o vento forte apagara a chama do isqueiro diversas vezes, um lapso de genialidade (comum aos políticos) o fez girar o corpo 180 graus, e desse modo ele se protegeu do vento e conseguiu acender o cigarro.
E assim ele seguiu em frente com a cabeça abaixada. O problema é que quando o vereador percebeu ele estava mais uma vez perto do campo do Hercílio Luz. Ele se esqueceu de virar o corpo pro outro lado de novo.