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BLOGS E COLUNAS

Carcereiros do raciocínio

22/04/2024 08h20

Não sou exclusivamente canhoto ou destro. Escrevo e seguro o garfo com a mão esquerda, mas em se tratando de força, tenho mais firmeza e confiança na mão direita.


Se uma bola de futebol chega pra mim rolando, chuto igualmente com as duas pernas. Mas se está parada, como em uma cobrança de pênalti, confio somente na perna esquerda.


Sou assim em diversas atividades do meu dia a dia. É um caso peculiar, pois também não posso dizer que sou ambidestro, afinal de contas, não tenho habilidades iguais nos dois lados.


Uso instintivamente o lado esquerdo ou direito de acordo com a informação que recebo do meu cérebro, o comandante supremo dos meus pensamentos e movimentos.

Sou assim também no que diz respeito aos assuntos da política. Não defendo cega e extremamente ideologias da esquerda ou da direita. Não compro doutrina elaborada por nenhuma sigla partidária.


Sigo apenas os princípios que foram enraizados desde a tenra idade na camada mais profunda da minha consciência, lugar onde meu discernimento avalia os posicionamentos que considero mais justo e correto a seguir.

Alguns dirão que sou a típica pessoa que fica posicionada no conforto do centro. A estes respondo que sim, mas que fique bem claro que minhas posições e crenças são definidas por convicção moral e não para agradar partidos políticos.


E não me confundam com aqueles caras do 'centrão', políticos de longa data que ficam em cima do muro esperando a oportunidade para pular de um lado para o outro por interesses pessoais; esses obedecem às cartilhas das siglas partidárias que vivem trocando.


Eu sou livre! Nenhum grupo político ou religioso controla meus pensamentos, obedeço apenas às orientações escritas na minha consciência ao longo da minha jornada de vida.

Sendo assim, se ser de esquerda é ser a favor da preservação ambiental e da cultura dos povos originários, encham a boca e me chamem de esquerdista. Se ser de direita significa ser contra o aborto, então fiquem à vontade para me chamar de direitista. (No entanto, vale ressaltar que sou a favor da interrupção em alguns casos, como o estupro, por exemplo.)


Se ser de esquerda é estar a favor da distribuição de renda aos mais necessitados para reduzir a extrema desigualdade no país, então, por favor, me chamem de esquerdista!


Se ser de direita é ser contra a implementação de banheiros unissex nas escolas e a favor de não abordar questões de gênero em cartilhas para crianças do ensino fundamental, então me considero um conservador de direita convicto, pois acredito que esses assuntos devem ser tratados pela família, não pela escola, ou por indivíduos que queiram impor sua visão sobre gênero.

Sei que a complexidade desses assuntos não se resolve em poucas palavras e meros exemplos. Só quero deixar bem claro meu desconforto com algumas pessoas - de esquerda e direita - que ficam por aí mentindo e exercendo pressão raivosa para que você seja um extremo seguidor de um lado ou outro.


Cuidado! Os extremistas querem te vender um pacote de ideias, e isso é nocivo porque tira a sua liberdade de refletir sobre cada assunto individualmente.

Vivemos dias difíceis. Se você expressar seu ponto de vista sobre determinado assunto, não demora muito para aparecer um partidário alienado enfurecido, apontando o dedo para o seu nariz e acusando-o de comunista ou nazista, dependendo da opinião que você emitiu.

Tenha coragem, enfrente os carcereiros do raciocínio! Da próxima vez que aparecer um extremista tentando impor aos gritos suas verdades, afaste-o de sua vida chutando o traseiro dele com a perna esquerda e depois com a direita. Não permita que os alienados aprisionem o seu livre pensamento!



MACIEL BROGNOLI
Crônicas e contos
Maciel Brognoli é guarda municipal de Tubarão, graduado em Administração Pública, especialista em Segurança Pública e Gestão de Trânsito e escritor. Ocupa a cadeira n° 27 da Academia Tubaronense de Letras (Acatul) e escreveu quatro livros.
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